Retrato de Rilke, Paula Modersohn-BeckerSe tantos poetas portugueses, de Pessoa a Sophia, passando por O'Neill e Daniel Faria me marcaram e marcam, é lendo este poema de Rilke que me sinto completa como leitora sensível, numa digestão de palavras inesquecíveis.
A Pantera (No Jardin des Plantes, Paris)De tanto olhar as grades seu olhar esmoreceu e nada mais aferra.
Como se houvesse só grades na terra:
grades, apenas grades para olhar.
A onda andante e flexível do seu vulto em círculos concêntricos decresce,
dança de força em torno a um ponto oculto no qual um grande impulso se arrefece.
De vez em quando o fecho da pupila se abre em silêncio.
Uma imagem, então, na tensa paz dos músculos se instila
para morrer no coração.
(Rainer Maria Rilke)
(ver também a obra pictórica de Paula Modersohn-Becker que lhe pintou o retrato)