Ouve a tua música alto
E afugenta os fantasmas
Da tua mente.
Finge:
Está tudo bem – ainda és
A mesma criança que viu
O mundo crescer; ainda és
O mesmo que eras quando brincavas
E o tempo não existia e o sorriso
Ainda enfeitava o rosto.
Já viste bem como somos hoje?
Adultos perfumados e frios
Que nunca seguram o balão do sorriso
Entre as mãos agradecidas;
Ou quando ele existe é o Jogo,
A mentira de uma possível sedução
Entre desconhecidos agradecidos
Por alguém afugentar a solidão.
A verdade é que
o mundo
já não nos surpreende.
O sol é apenas uma estrela, o umbigo
Solar do sistema que nos contém;
A lua já não tem mistérios nem ilumina
Os poetas que agora se escondem sob candeeiros
- a falta de fantasia matou o azul
do céu que, agora, raramente olhamos.
Não ligues se os teus amigos enriqueceram
E te esqueceram; não ligues se continuas igual,
As mesmas ilusões cansadas dos poetas pobres,
Os dedos canetas e o papel que sujam.
Todos estamos sujeitos à crueldade de estranhos
Que ordenam, com controladoras mãos, as vítimas
Inoperantes do sistema económico que nos rouba.
Por tudo isto, explode a cabeça com música.
Isso e as drogas talvez te salvem da morte,
Da vida repetida sob o mesmo céu plúmbeo.
Não te surpreendas se doer
- quando o corpo já não sente e os ouvidos não escutam
É bem melhor lavar as memórias no sangue.
Já que ninguém diz nada mando eu uma posta... este poema também está aqui
onde nos leva a arte
quarta-feira, 20 de maio de 2009
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
2 comentários:
que bonito...
Fico muito contente quando alguém escreve.
Muito bonitas as palavras, sim senhor.
Enviar um comentário