onde nos leva a arte

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Ao Pé do Sena, pela mão de Ariadne

"O Minotauro compreender-me-á.

Tem cornos, como os sábios e os inimigos da vida.

É metade boi e metade homem, como todos os homens.

Violava e devorava virgens, como todas as bestas.

Filho de Pasifae, foi irmão de um verso de Racine,que Valery, o cretino, achava um dos mais belos da “langue”.

Irmão também de Ariadne, embrulharam-no num novelo de que se lixou.

Teseu, o herói,e, como todos os gregos heróicos, um filho da puta,riu-lhe no focinho respeitável.

O Minotauro compreender-me-á, tomará café comigo, enquanto o sol serenamente desce sobre o mar, e as sombras,cheias de ninfas e de efebos desempregados,se cerrarão dulcíssimas nas chávenas,como o açúcar que mexemos com o dedo sujo de investigar as origens da vida"

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