A Linha de Ariadne

onde nos leva a arte

quinta-feira, 25 de julho de 2013

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Do amor...

"O amor é longânime e benigno. O amor não é ciumento, não se gaba, não se enfuna, não se comporta indecentemente, não procura os seus próprios interesses, não fica encolerizado. Não leva em conta o dano. Não se alegra com a injustiça, mas alegra-se com a verdade. Suporta todas as coisas, acredita todas as coisas, espera todas as coisas, persevera em todas as coisas. O amor nunca falha."

1 Coríntios 13:4-8

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Hoje o mundo ficou bastante menos sábio.

Deixa-nos um dos maiores escritores do mundo, o maior contador de histórias em língua portuguesa. As palavras são parcas para tamanha gratidão, só quem ama bons livros pode entender o valor de um artista que escrevia como nós apenas conseguimos pensar.
Ficam os livros, um por um, que memórias são.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Segue o teu destino

Segue o teu destino,
Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
De árvores alheias.

A realidade
Sempre é mais ou menos
Do que nós queremos.
Só nós somos sempre
Iguais a nós-próprios.

Suave é viver só.
Grande e nobre é sempre
Viver simplesmente.
Deixa a dor nas aras
Como ex-voto aos deuses.

Vê de longe a vida.
Nunca a interrogues.
Ela nada pode
Dizer-te. A resposta
Está além dos deuses.

Mas serenamente
Imita o Olimpo
No teu coração.
Os deuses são deuses
Porque não se pensam.


Ricardo Reis


Num postal com um quadro de Pablo Picasso, este poema acompanhou o presente de aniversário que a Debby me ofereceu pelas minhas "22 Primaveras"

Hoje estas palavras ganharam outra dimensão.

Mais uma vez, minha querida Debby, obrigada por estares sempre perto...

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

reconciliação

já há muito que estou para publicar este poema aqui. ouvi-o quando assisti à peça "breve sumário da história de deus"... um dos poemas mais bonitos que tive oportunidade de ouvir nos últimos tempos...


Há-de uma grande estrela cair no meu colo...
A noite será de vigília,

E rezaremos em línguas
Entalhadas como harpas.

Será noite de reconciliação .
Há tanto Deus a derramar-se em nós.

Crianças são os nossos corações,
Anseiam pela paz, doces . cansados.

E nossos lábios desejam beijar-se .
Por que hesitais?

Não faz meu coração fronteira com o teu?
O teu sangue não pára de dar cor às minhas faces.

Será noite de reconciliação,
Se nos dermos, a morte não virá.

Há-de uma grande estrela cair no meu colo.

ELSE LASKER-SCHULER

domingo, 3 de janeiro de 2010

Baisers Volés (closing scene)

SERGE ROUSSEAU à CLAUDE JADE:

"Mademoiselle,

je sais que je ne suis pas un inconnu pour vous.
Pendant longtemps je vous ai observée sans que vous vous en rendiez compte.
Mais depuis quelques jours je ne cherche même plus à me cacher.
Et maintenant je sais que le moment est venu.

Voilà. Avant de vous rencontrer je n'avais jamais aimé personne.
Je hais le provisoire. Je connais bien la vie. Je sais que tout le monde trahit tout le monde.
Mais entre nous ça sera différent. Nous serons un exemple. Nous ne nous quitterons jamais, pas même une heure.

Je ne travaille pas, je n'ai aucune obligation dans la vie.
Vous serez ma seule préoccupation.

Je comprends. Je comprends que tout cela est trop soudain, pour que vous disiez oui tout de suite, et que vous désirez d'abord rompre des liens provisoires qui vous attachent à des personnes provisoires.
Moi je suis définitif.

Je suis très heureux."

Claude Jade à Jean-Pierre Léaud:

il est complètement fou, ce type-là.

Jean-Pierre Léaud:

oui oui, sûrement.

Baisers volés, François Truffaut

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

shift delete


How happy is the blameless vestal's lot!
The world forgetting, by the world forgot.

Eternal sunshine of the spotless mind!

Each pray'r accepted, and each wish resign'd;


Eloisa to Abelard
by Alexander Pope

as recordações autodestroem-se com o tempo e quando deixam de fazer sentido.

para quem ainda não viu, aqui fica a sugestão.




segunda-feira, 2 de novembro de 2009

A cidade definitiva.







































Nas tuas ruas /mãos

mora um segredo.




...

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Finalmente iguais sob a mesma desgraça

Encontramo-nos casualmente na rua quando chovia
E sei que preferias partir comigo a ficar aí, a mexer nesse pó
De gesso e a abrir buracos nos tectos das casas para chegar ao céu
E o entubar até às paredes respiratórias. No desencontro
Desta hora, são horas de terminar a digestão e o cigarro e voltar
A pegar nas ferramentas: a ti a mais completa poesia da destruição
E a arte de fazer de conta que o trabalho se faz rápido, eficaz;
Para mim, a caneta fraca e cobarde, a câmara clara das minhas memórias
E uma mochila pesada e inútil como uma carapaça mole. Sabes
Que podíamos percorrer estas ruas húmidas pelas primeiras chuvas
Como uma mulher que se entrega; sabes que podíamos transfigurar
Este granito, todo este peso imenso, nos corpos femininos que nos escapam
Às mãos rudes com que os buscamos; sabes que podíamos fazer
Desta cidade a impossível mulher, puta e santa na perfeita medida do desejo.
Meu irmão, resta fazer as contas ao que nos sobra depois de nos roubarem
O coração produtor e acreditar que dias melhores serão possíveis; que, um dia,
Voltaremos todos a falar a mesma língua e as mãos voltarão à sua pureza inicial,
Longe dos árduos cabos das picaretas e dos maços, do corpo rugoso dos escopros
E das cicatrizes do trabalho. Ainda que penses o contrário, preferia muito mais ter
O meu cabelo sujo com o pó do cimento e do gesso, a t-shirt manchada de tinta
E essas mãos cicatrizadas que agora escrevem noutro papel, noutra hora de trabalho
Nocturna ou que se arrastam cansadas pelos sonhos de uma vida melhor, destruindo
A superfície menos dura dos livros. Acredita que dias melhores serão possíveis,
E que o sol brilhará e o pó das casas não se agarrará a ti e que os teus dedos não serão
Mais feitos de metal. Caso o boletim metereológico erre a sua previsão, haverá chuva
Para nos molhar a ambos, a todos, finalmente iguais sob a mesma desgraça.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

explicação da eternidade

devagar, o tempo transforma tudo em tempo.
o ódio transforma-se em tempo, o amor
transforma-se em tempo, a dor transforma-se
em tempo.

os assuntos que julgámos mais profundos,
mais impossíveis, mais permanentes e imutáveis,
transformam-se devagar em tempo.

por si só, o tempo não é nada.
a idade de nada é nada.
a eternidade não existe.
no entanto, a eternidade existe.

os instantes dos teus olhos parados sobre mim eram eternos.
os instantes do teu sorriso eram eternos.
os instantes do teu corpo de luz eram eternos.

foste eterna até ao fim.

José Luís Peixoto, in "A Casa, A Escuridão"

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Quando as luzes se apagam

Ana Lacerda


"É cantando e dançando que o homem se manifesta como pertencendo a uma comunidade superior: desaprendeu de andar e de falar, mas prepara-se para se elevar, dançando."


Nietzsche, "A origem da tragédia"


Há oito anos atrás, quando as luzes se apagaram, tinha dentro de mim a certeza que não voltaria a pisar um palco. Carreguei o peso dessa decisão durante muitos anos.


Como eu tinha tantas certezas....


Agora sei que dançar faz parte de mim e vou voltar a acender as luzes. Mas desta vez vai ser diferente, não vou ter medo que elas me ceguem







sábado, 29 de agosto de 2009

Gugu-san - três anos

És tão jovem
E já operas milagres,

Como ver o duro chão negro
E citadino coberto de flores.

Uma para a mãe,
Uma para o pai,
Para o mano e para a mana,
Para a avó e o avô.

Ninguém é esquecido na ânsia infantil
De partilhar a beleza do mundo habitado.

(depois de um passeio com o sobrinho mais novo)

sábado, 8 de agosto de 2009

Raul



Raul Solnado
1929 - 2009

segunda-feira, 20 de julho de 2009

A magia da Edição

Boa noite.

Uma colega fotojornalista mostrou-me este site.
Nele podem encontrar algumas fotografias editadas e comparar com os originais.
É interessante reparar como o valor da edição aumenta, muitas das vezes, a carga simbólica da foto - como se o editor conseguisse adivinhar o que o fotógrafo pretendia mostrar.

O que penso acerca da edição? - simples, sempre se fez. O photoshop apenas tornou mais acessível, democratizou se assim quiserem chamar, processos (segredos até) que se usavam na câmara escura para fazer exactamente o que se faz hoje: aumentar a carga simbólica de uma foto.

Alimentando a polémica, diria que pessoalmente, não vejo nada de pouco ético nisto - mesmo nas edições mais puxadas. Afinal de contas, não é como se estivesse a acrescentar algo que não está lá - mas sim a trazer à superfície algo que se esconde por detrás da visão do fotógrafo.

terça-feira, 30 de junho de 2009

Philippine Bausch, 1940-2009


A dança não é a expressão artística que mais me toca, mas era impossível não ficar comovida com Pina Bausch.

Inesquecível a sequência em Hable Con Ella, de Almodóvar. Não há como não entender aquilo que dizia com o corpo.



sexta-feira, 26 de junho de 2009

Michael Jackson - 1958/2009


Goste-se ou não, aqui fica a lembrança.
___
"Billy Jean is not my lover
she's just a girl who says I am the one"
.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

domingo, 24 de maio de 2009

BRAVO!

Vou mandar fazer t-shirts e pins do Marinho Pinto e do Medina Carreira!

Não percam isto, alguém a dizer as verdades à Manuela Moura Guedes.

.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Ouve a tua música alto

Ouve a tua música alto 
E afugenta os fantasmas
Da tua mente.

         Finge:
Está tudo bem – ainda és
A mesma criança que viu
O mundo crescer; ainda és
O mesmo que eras quando brincavas
E o tempo não existia e o sorriso
Ainda enfeitava o rosto.

Já viste bem como somos hoje?
Adultos perfumados e frios
Que nunca seguram o balão do sorriso
Entre as mãos agradecidas;
Ou quando ele existe é o Jogo,
A mentira de uma possível sedução
Entre desconhecidos agradecidos
Por alguém afugentar a solidão.

A verdade é que
                     o mundo
                          já não nos surpreende.
O sol é apenas uma estrela, o umbigo
Solar do sistema que nos contém;
A lua já não tem mistérios nem ilumina
Os poetas que agora se escondem sob candeeiros
- a falta de fantasia matou o azul
do céu que, agora, raramente olhamos.

Não ligues se os teus amigos enriqueceram
E te esqueceram; não ligues se continuas igual,
As mesmas ilusões cansadas dos poetas pobres,
Os dedos canetas e o papel que sujam.
Todos estamos sujeitos à crueldade de estranhos
Que ordenam, com controladoras mãos, as vítimas
Inoperantes do sistema económico que nos rouba.

Por tudo isto, explode a cabeça com música.
Isso e as drogas talvez te salvem da morte,
Da vida repetida sob o mesmo céu plúmbeo.

Não te surpreendas se doer
- quando o corpo já não sente e os ouvidos não escutam
É bem melhor lavar as memórias no sangue.


Já que ninguém diz nada mando eu uma posta... este poema também está aqui