onde nos leva a arte

quinta-feira, 23 de outubro de 2008






Talvez um dia te consiga dizer que aquilo que em mim terminou me deu asas.
fotografia de Patrick Demarchelier

This World and Body


FILME 30/2008 - This World and Body from fast forward portugal on Vimeo.

Vencedor do festival fastforward realizado o passado fim de semana em Braga
Sinceramente como participante e estive lá nomento em que foi projectado. achei desde logo genial e comentei com convicta certeza que seria o vencedor.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Expiação

"A Prisão de Cristo ou o Beijo de Judas", (1573 e 1602) de Michelangelo Merisi da Caravaggio 1573-1610



Judas, must you betray me with a kiss?
.
Roubado por umas grandessíssimas bestas do museu de Odessa na Ucrânia no dia 31 de Julho deste ano, uma das composições mais realistas e dramáticas sobre o momento da traição de Judas (como lhe chamam) a Cristo, que coincidiu com a prisão e consequente julgamento e crucificação. Este acontecimento seria inevitável, indepentemente da confusão de Judas relativamente ao que aconteceria e ao que deveria ter acontecido. Todas as histórias dos evangelhos têm para mim um enorme significado e, em vez de pensar se serão verdade, gosto de pensar em todas elas como símbolos, veículos de uma mensagem. O que aconteceu com Cristo atormenta e faz pensar ainda hoje, podendo parecer simples, a resposta, a mim perturba-me. Porque aceitou um homem aquele destino, sem combater pelo nacionalismo judaico, sem armas, sem uma palavra, como contam, que o pudesse defender? O que se passou na cabeça de Judas, o velho do Restelo da história, para esperar que Cristo, a quem seguiu nos 3 últimos anos das suas vidas, mudasse de postura e voltasse a trabalhar madeira, apenas? O peso da dor ao vê-lo na flagelação foi superior às suas forças, enforcou-se pouco depois, não chegou sequer a estar presente na crucificação, bem como nenhum dos outros discípulos, que se refugiaram nos arredores da cidade, com medo de serem também executados. Que se passou como estas pessoas para depois se arrependerem e pregarem até à morte a filosofia de Cristo, aguentando torturas e um fim doloroso? Se não houve ressurreição, o que os fez acreditar? O que muda em nós quando nos apercebemos de algo maior?
2008 anos sem esquecer podem ser uma resposta.
Caravaggio é um dos meus pintores favoritos, como já aqui disse, mas este quadro conduz-me a outras reflexões.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Evolução e Involução

Não é a ilustração da questão mas foi a imagem que consegui arranjar!

Excerto de uma leitura que me explicou alguns pormenores que um curso de Psicologia não soube explicar :)

"Foram necessários perto de cem milhões de anos para nos transformarmos numa sociedade suficientemente sofisticada para pôr um homem na lua mas, quando lá chega, esse homem continua a ir à casa de banho como os seus antepassados primitivos."


In, "Porque é que os homens nunca ouvem nada e as mulheres não sabem ler os mapas das estradas" de Allan e Barbara Pease.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Encontro

"A Vocação de São Mateus", Michelangelo Caravaggio, 1599

Este quadro mexe comigo. Fartei-me de andar a pé, grávida de 5 meses, para descobrir a Igreja onde ele adorna umas das paredes de uma das capelas.
Cristo escolheu cuidadosamente os seus discípulos. Foi buscar Mateus, ou Levi, como se chamava antes da vocação. Sem hesitações, a uma taberna escura e suja de Cafarnaum, na Palestina.

Caravaggio era dono de uma sensibilidade intemporal, inigualável. Qualquer tema, religioso ou profano, merecia um tratamento realista e cuidado. Humano, acima de tudo. Escolheu a pintura que não mente nunca. A luz vinda de um pincel mágico (divino?), sem esboço prévio.

Matou dois homens, morreu na miséria.
.

domingo, 19 de outubro de 2008

directamente do sertão, a desilusão tecnológica

fortissimo!

"sempre beijando a flor"

Vamos lá elevar a intelectualidade nacional! 

Quase laranja, um amarelo torrado pelas viagens. Clemente e a sua abelha-mestra!

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Inverno de Bolso

Trilhar “For Emma, Forever Ago”, recorda-me singelos instantâneos da adolescência borbulhante, não porque seja pueril, de consumo célere, apenas porque relembra velhos livros de bolso Europa América sofregamente lidos na escadaria do António Nobre, resumos certeiros de como trovar ao corno, de como condensar a colecção Outono e Inverno das paixões falhadas, das separações mais ou menos dolorosas. Aí encontramos respostas para o trabalho de Bon Iver, autor da pequena grande “Emma”. Na sua pena a solidão, a América profunda piedosamente sem Bush, a escrita de canções clássica, a cintilante acústica de um tempo que não passa.
Neste que é o seu primeiro sopro, uma certeza: ter conseguido conjugar o verbo emocionar no pretérito quase perfeito, transformando uma trintena de minutos numa banda de sonora de vida(s)
Um uivo para amostra…

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Imunização Racional (Que Beleza!)

por enquanto deixo só o vídeo... porque precisamos de uma planície racional a que regressar. O músico é Tim Maia.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Ao Pé do Sena, pela mão de Ariadne

"O Minotauro compreender-me-á.

Tem cornos, como os sábios e os inimigos da vida.

É metade boi e metade homem, como todos os homens.

Violava e devorava virgens, como todas as bestas.

Filho de Pasifae, foi irmão de um verso de Racine,que Valery, o cretino, achava um dos mais belos da “langue”.

Irmão também de Ariadne, embrulharam-no num novelo de que se lixou.

Teseu, o herói,e, como todos os gregos heróicos, um filho da puta,riu-lhe no focinho respeitável.

O Minotauro compreender-me-á, tomará café comigo, enquanto o sol serenamente desce sobre o mar, e as sombras,cheias de ninfas e de efebos desempregados,se cerrarão dulcíssimas nas chávenas,como o açúcar que mexemos com o dedo sujo de investigar as origens da vida"

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Isto não é um post

Os Amantes, René Magritte, 1928

Não sei ver arte sem pensar em amor. Não sei gostar de coisas intensamente sem me sentir identificada, numa imagem que pode não reflectir mais do que desejos mas que tem forçosamente de seguir esse caminho, próximo de mim. Não sei olhar para este quadro sem pensar na cegueira dos mortais, procurando sempre acertar em todas as áreas da vida, sem certezas de nada.
Às vezes, ou a maior parte das vezes, não podemos contar o que fazemos para encontrar aquilo que nos faz "felizes". Transmitimos uma imagem nossa propositadamente distorcida para que ninguém nos venha incomodar com pedidos de explicação de nós mesmos.
Emocionalmente, somos todos surrealistas, mas nem todos se aceitam como são e é pena.

"Not what man knows but what man feels concerns art. All else is science." (Bernard Berenson, 1897)

"My painting is visible images which conceal nothing; they evoke mystery and, indeed, when one sees one of my pictures, one asks oneself this simple question 'What does that mean'? It does not mean anything, because mystery means nothing either, it is unknowable." (René Magritte)
John William Waterhouse, Ariadne *, óleo sobre tela, 1898


Filha de Minos e Pasifae, Ariadne é a mortal que se apaixonou por Teseu. Este, ao ser enviado para o Labirinto com o intuito de ser sacrificado ao Minotauro (fruto dos amores proibidos de Pasifae), foi salvo pelo novelo que Ariadne lhe ofereceu para que marcasse o caminho de volta e assim conseguisse matar o monstro e regressar são e salvo. Assim foi. Teseu, depois de se juntar a Ariadne e fugirem os dois à ira de Minos, refugia-se com ela na ilha de Naxos onde vem a abandoná-la, adormecida, junto ao mar.
Estando Ariadne prestes a entregar-se à sua dor, aparece Dioniso e o seu séquito, levam-na para o Olimpo e aí se casam, a bela mortal e o jovem deus, apaixonadíssimos. Como prenda de núpcias, Dioniso oferece-lhe um diadema de ouro que, mais tarde, quando Ariadne morre, é lançado por ele para os céus e se transforma numa constelação. Tiveram quatro filhos e foram muito felizes. Ariadne tornou-se uma das bacantes.

*Neste quadro podemos ver Ariadne adormecida na ilha de Naxos, no momento em que o barco de Teseu parte da ilha.

passagem



talvez exista sempre uma ponte que nos une a todos nós, que vivemos por ai ao acaso, na inconstante incerteza daquilo que será o amanhã...

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Que luz de Baixo

Na deriva das linhas de Ariadne, paridas cruzadas de “hips” pop, coladas na cervical de más donas, boazinhas de causas, causadoras de aí Jesus e venha o diabo e escolha, trilhadas calçadas hip hop, (as)salto à corda, ora bolha, ora inconformidade social, vazia nas pontinhas, Chelas desta e de todas as democracias, vão de escada ou de Chanel contrafeito, junte-se ora ao caldo: pop adúltera, uma tesa oitava e meia abaixo do Dó médio, consoantes vadias, ideologias ad eternum, ironias para a ciática e cerebelo. E eis-me a velar o mano, a mano: A boa dona, o mau Samuel, o vilão Walker. Super heróis à nossa imagem, aos nossos olhos, aos nossos dias…

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Supreme NTM - Pose Ton Gun



Um saltinho a França. Supreme NTM, presentes na banda sonora do filme La Haine.
Muita qualidade. Termina aqui a minha série de posts dedicados ao hip hop. Contudo, aviso a gerência que poderei sofrer de recaídas.

Fiquem bem!

Sam the Kid - À Procura da Perfeita Repetição



Admiro muito este man. Lembro-me de uma entrevista quando o Hip Hop começou a despertar a atenção dos media em portugal e estava lá este maluco, 15 anos, a dizer que não estudava. Que se fechava no quarto e trabalhava, trabalhava... e acreditava mesmo muito.
Há que admirar quem faz isto - especialmente se não vem das melhores zonas da cidade.

Serial Killer - Valete



Um salto a portugal. Directo de LX, Valete!
Daqui a nada temos um Full House.

Fiquem bem

Que luz

"Stand up against governments, against God.
Stay irresponsible.
Say only what we know & imagine.
Absolutes are Coercion.
Change is absolute.
Ordinary mind includes eternal perceptions.
Observe what’s vivid.
Notice what you notice.
Catch yourself thinking.
Vividness is self-selecting.
If we don’t show anyone, we’re free to write anything.
Remember the future.
Freedom costs little in the U.S.
Asvise only myself.
Don’t drink yourself to death.
Two molecules clanking us against each other require an observer to become scientific data.
The measuring instrument determines the appearance of the phenomenal world (after Einstein).
The universe is subjective.
Walt Whitman celebrated Person.
We are observer, measuring instrument, eye, subject, Person.
Universe is Person.
Inside skull is vast as outside skull.
What’s in between thoughts?
Mind is outer space.
What do we say to ourselves in bed at night, making no sound?
“First thought, best thought.”
Mind is shapely, Art is shapely.
Maximum information, minimum number of syllables.
Syntax condensed, sound is solid.
Intense fragments of spoken idiom, best.
Move with rhythm, roll with vowels.
Consonants around vowels make sense.
Savour vowels, appreciate consonants.Subject is known by what she sees.Others can measure their vision by what we see.Candour ends paranoia"

uma saudação cosmopolita, no trilho da batida de uma geração...

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

passagem



Ainda há pequenos sitios onde vale a pena sentir o odor das simples maravilhas da natureza....

Efectos Vocales - Nach Scratch



[Bienvenidos al centro de experimentación vocal "Magna".
Hoy en nuestro laboratorio estamos investigando con un nuevo sujeto. Se hace llamar Nach, y es, quizás, el más extraño y activo de los que hemos trabajado anteriormente. Pero empecemos con la exposición. La dividiremos en 3 fases, y por favor, no intenten hacer esto en sus casas. Fase de la experimentación número 1. Nivel de dificultad 6. Vocal A]

[Nach Scratch]
Trabaja, plasma las palabras, hazlas balas,
Atrapa a rafa casal, machaca cada sala,
Ladra hasta rasgar la garganta,
Saca las garras, las armas, Las gradas harán palmas,
La fama tarda, patán, jamás hallarás paz,
Amargas caras largas arrastran la maldad,
Andarás a rastras, pagarás caras las cagadas,
Las carcajadas sabrán saladas,
Tras, tantas trampas, tras, tanta jarana,
Tantas falsas alabanzas, tras, tantas caladas,
Tantas almas traspasadas para alcanzar la calma,
Tantas pájaras, Nach manda fantasmas al Sáhara,
Charlas baratas taladran hasta dar arcadas,
Parrafadas flacas acabarán mal paradas,
Tan malas para masacrar, para ganar batallas,
Apartadas, a patadas, atrapadas hasta dar la talla,
Canalla, vas a dar la campanada, para nada,
Camaradas harán manada para achantar,
Hasta cantarás baladas para agradar a las masas, anda pa casa, cansas, ya.

[¿Increíble, verdad? Pero no nos vamos a quedar ahí. Aumentaremos la dificultad de reacción. El sujeto es frío y ni se inmuta. Parece confiado. Vamos a ver cómo se comporta ahora. Pasemos a la siguiente exposición. Fase de la experimentación número 2. Nivel de dificultad 8. Vocal O]

[Nach Scratch]
Yo no compongo con porros,
Solo pongo ron o fonk,
Propongo colocón como colofón,
Formo monólogos, todos los bolos son hornos,
Os toco con chorros sonoros, colosos como Concords,
Lo corroboro, controlo todos los modos,
Conozco todos los logros,
Coloco todos los coros, mongolos,
No clono, no soborno, sólo lo gozo, lo rompo,
Como Rocco os follo pronto,
No corono robots con flow monótono,
Pochos son como plomo,
Yo floto por los tonos como corcho,
No dono, cloroformo,
Formo los cosmos, los combos,
Son gordos, los bombos son hondos, tochos,
Yo, monto gordos pollos con otros locos,
Nosotros somos orcos, vosotros potros cojos,
Foros con forofos flojos,
Os jodo con condón, con don, compón como yo costoso,
No otorgo socorro, os soplo como polvo,
Os borro, bobos, os broto dolor por tos los poros,
Provoco ojos rojos por sollozos sordos,
¡Ohoh! todo con os, ¡lo bordo!

[Nunca habíamos dado con un sujeto así. Su capacidad parece ilimitada. Permanezcan tranquilos, por favor. Vamos a aumentar la dosis de dificultad al máximo. Nadie ha conseguido nunca superar esta etapa, repito, nadie. Fase de la exposición número 3. Nivel de dificultad 10. Vocal E]

[Nach Scratch]
Ver gente decente perecer me estremece,
Le Pen es el germen, el PP merece el trece,
Mequetrefes venden 3 CDs, ¿qué se creen?
Se creen jefes de este Edén,
¡Que les den! ¡Herejes!
Deben entender que defenderme es querer perder,
¿Pretenden vencerme en este set? Seré Federer,
Empecé desde el retrete, enterré el estrés,
En el presente el referente es el Everest, creedme,
El eje es tener fe,
Seres que deseen que enferme, desespérense,
Pretenden que me estrelle, que frene este tren exprés,
Temen ver que este LP es el best seller del mes, ¡Ves!
Que el deber de entretener me pertenece,
El deber de encender mentes dementes que ennegrecen,
¡Respétenme! Dejen de verter pestes,
Seres terrestres ven que me elevé entre entes celestes,
Verme envejecer, ceder, ¡never! men,
métele el reverb, que recen emecés de Feber,
Me repelen peleles enclenques,
rehenes del tembleque decrecen en frente de este jeque.

[Es impresionante. El sujeto ha superado todas las pruebas y su ritmo cardíaco ni siquiera se ha acelerado. Por favor, manténganse tranquilos. Que no cunda el pánico. Estamos ante uno de los momentos más espectaculares en la historia del rap en este país. Este hijo de puta es capaz de todo]


não vou falar muito sobre a qualidade demencial deste verbalizador. acho que esta música fala melhor do que o que eu conseguiria. o meu ciclo "preferências hip-hop" ainda vai a meio. Espero que gostem.